As colinas ficaram brancas com a neve
E na liberdade do azul infinito
Um pássaro põe-se a voar
Sua plumagem suave como a seda
Não se compara a pureza do algodão
Sua vida que não cede às tristezas
Às guerras dizem não!
Em instantes... Suas asas explodem em cores
Confundem-se ao azul infinito
O que será?
Um falcão? Uma Águia?
Não importa... Tudo é vida!
Vida sem algemas... Vida em liberdade!
Impossível para mim...
Ser limitado e encarcerado
De súbito!
Tal pássaro jorrando liberdade
Mergulha sem parar
E quando penso que ele vai suicidar-se
Ele sobe...
Leve como uma flor
Sempre a desabrochar
E eu... Ser limitado e encarcerado
Fico somente a olhar
Tal pássaro a voar
Vida cruel e insensata!
Por que não me fizeste pássaro?
Que com minhas asas a manobrar
O mundo inteiro iria conquistar!
Entretanto...
Quiseste-me fazer gente
Para talvez um dia...
Alguns planejem me matar
Assim como o Filho de Deus
Que atreveram-se a crucificar
Homens! Néscios e tolos é o que vós sois!
Andais por caminhos tortuosos e sombrios!
Vidas inúteis!
Labirintos sem saídas!
Eu porém...
Fico somente a olhar
Tal pássaro a voar
Antes fosse tal pássaro...
Para o céu percorrer de norte a sul
Quem sabe de leste a oeste
Mas agora nada importa...
Sou criatura como as outras
Tornei-me vida amargurada
Oh vida!
Por que não fizeste-me um pássaro?
Por que fizeste-me rodeado de homens?
Podia estar eu a voar
Na liberdade imensurável do azul infinito
E não mais...
Uma engrenagem aguardando a morte chegar
Vida cruel e insensata!
Tudo o que sabes é machucar!
Com seus muitos homens a matar!
Homens estes...
Que destroem todos os sonhos
Homens estes...
Que destroem os próprios homens!
Vida tola e insignificante!
Fizeste-me pecador!
Fizeste-me um ser de dor!
E o pior de tudo...
Fizeste-me mais um homem...
Que com suas ogivas a planar
Fizeram Hiroxima flutuar
Que com suas armas a matar
Fizeram do amar, o odiar
A vida para mim...
Já não passa de dois extremos
Onde o infinito inexiste
Inexiste para os homens
Que não ultrapassam seus limites
Exceto Deus...
Ninguém percorre o universo em um só instante
Sendo que para o restante
O infinito tornou-se algo puramente imaginário
Algo calculista e irreparável
E para muitos alienados...
Algo cruel ou indiferente
Oh vida!
Por que fizeste-me homem?
Por que não fizeste-me pássaro?
Que na imensidão das nuvens a voar
Em liberdade, as asas iria manobrar
Mundo cruel e insensato!
E se deste enorme rochedo eu saltar?
Algo mais irá me ensinar?
E neste momento solene...
De todos me despeço em paz...
E num só sonho a mergulhar
Torno-me qual pássaro a voar
E em enorme desespero
Uma águia põe-se a piar
E de maneira majestosa
Põe-se a me acompanhar
E quando um rochedo eu encontrar
Minha vida irá parar
E na graciosidade de minhas asas
Quem sabe em um só instante
O mundo inteiro consiga amar
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