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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Guerra dos vasilhames chega ao fim




A guerra dos canudinhos
A Justiça brasileira absolve a Pepsi em uma de suas mais longas
batalhas judiciais contra a Coca no mundo;


A rivalidade entre a Coca e a Pepsi é tão antiga que se confunde com a história das duas companhias. As brigas, já centenárias, com frequência extrapolam o âmbito comercial e chegam aos tribunais americanos e aos de outros países onde elas atuam. No fim do ano passado, a Justiça Federal no Rio Grande do Sul encerrou um dos mais longos capítulos dessa disputa. O caso remonta a 1972, quando a polícia apreendeu garrafas de Coca em uma fábrica da Pepsi. Os vasilhames eram, então, um trunfo valioso. Feitos de vidro, eles eram comprados uma vez pelos consumidores, que, depois, os devolviam e pagavam apenas pelo líquido. Sem as embalagens, as empresas tinham dificuldade de ofertar seu produto e podiam perder mercado. Em 1974, a polícia voltou a encontrar garrafas da Coca em estabelecimentos da Pepsi. A Coca acusou a concorrente de escondê-las. Mais: alegou que a Pepsi havia quebrado parte dos seus recipientes. A Coca alegou que o sumiço e a destruição de embalagens configuravam concorrência desleal e denunciou sua adversária ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Pepsi foi condenada e multada em um julgamento que entrou para a história. Foi a primeira vez que o Cade, criado doze anos antes, puniu uma companhia.

O episódio, que ficou conhecido como Guerra das Garrafas, ganhou, agora, um novo desfecho. A Justiça Federal considerou que não havia provas contra a Pepsi, inocentou-a definitivamente e sentenciou a União a devolver à empresa o valor da multa que ela havia pago quase quarenta anos antes. Para a Pepsi, a compensação financeira não foi relevante. A empresa estima que receberá cerca de 5 milhões de reais. Ainda assim, a decisão motivou uma grande comemoração na semana passada. "Foi, sobretudo, uma vitória moral", diz o advogado Helio Faraco de Azevedo. As duas empresas continuam brigando em qualquer arena disponível no território nacional. Em 2006, a Coca denunciou a Pepsi ao Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) por causa de uma propaganda da Pepsi Twist. No filme, dois limõezinhos verdes caçoavam de outro vermelho, que fazia alusão à Coca. A peça foi alterada. Um ano depois, a Pepsi recorreu ao Cade para evitar que sua adversária efetivasse a compra da marca de chás Matte Leão. Ponderou que a Coca passaria a ter 70% desse mercado e assumiria uma condição próxima ao monopólio. O Cade autorizou o negócio, mas exigiu que a Coca deixasse a gestão da Nestea, produto que explorava com a Nestlé.

Casos como esses também estão na rotina das arqui-inimigas em outros países. Em 2002, elas travaram uma versão indiana da Guerra das Garrafas. As duas tinham um acordo de recolhimento mútuo de vasilhames. Uma vez por semana, as embalagens eram trocadas. A Pepsi denunciou às autoridades indianas que a Coca estava dando sumiço às suas garrafas. A Coca não só devolveu a acusação como afirmou que a Pepsi quebrava seus recipientes. Depois disso, elas retiraram as queixas. Ainda na Índia, a Pepsi acusou a Coca de copiar seus jingles e de tentar lhe roubar a condição de patrocinadora do campeonato local de críquete. Em 1998, nos Estados Unidos, a Pepsi alegou que a Coca tentava monopolizar o mercado local de máquinas de refrigerantes. Em 2009, a Pepsi queixou-se de uma propaganda da Coca que dizia que o Powerade ION4 era a bebida mais completa para atletas, porque possuía cálcio e magnésio – o que configuraria propaganda enganosa. Os tribunais deram ganho de caso à Coca porque, em 2004, a Pepsi disse a mesma coisa de seu Gatorade Endurance. É comum que empresas entrem em guerra. Disputas por patentes encetaram batalhas entre a Microsoft e a Linux, a Apple e a Nokia e entre a Bayer americana e a Bayer alemã. Nenhuma delas, porém, briga tanto como coca e Pepsi.
Com reportagem de Júlia de Medeiros e Gabriele Jimenez

artigo retirado:http://veja.abril.com.br/170210/guerra-canudinhos-p-066.shtml

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