No quarto bate-papo, o choque: um mecânico afirma que mulher não deve trabalha fora!
por Carminha Nunes
"Seu cabelo é vermelho mesmo?, perguntei, ao começar o bate-papo com o Solteirão Ruivo naquela tarde chuvosa de sábado.
Florzinha: De onde é sua família?
Solteirão: Sou descendente de italianos. Nasci no Rio Grande do sul, me mudei para São Paulo com 7 anos. Hoje, estou com 33.
Florzinha: Eu sou morena, mas acho lindo ter cabelos ruivos...
Solteirão: Obrigado, mas prefiro as morenas (rsrs)!
Florzinha: E você sempre entra nesse site?
Solteirão: Não. Trabalho bastante. Sou dono de uma oficina e, graças a Deus, há muito carro para arrumar lá...
Florzinha: Eu também entro poucas vezes, mas confesso que estou meio decepcionada. Difícil encontrar alguém interessante, pelo menos, para conversar...
Solteirão: Eu sou interessante?
Florzinha:: Até agora parece que é(rsrs)!
Solteirão: Procuro um namoro sério, para casar. Ao contrário dessa rapaziada que só quer sacanagem, quero constituir família...
Florzinha: Um homem sério na internet? Nossa, achei que isso não existisse (rsrs). Fale mais de você, pois estou gostando!
Solteirão: É, eu sou uma pessoa simples, mas de família conservadora! Nós gostamos de tudo certinho. Eu quero achar uma mulher que seja boa mãe, companheira e...
Florzinha: E amante?
Solteirão: Claro (rsrs). E que saiba respeitar os valores da família.
Florzinha: Puxa, bonito isso! É o sonho de toda mulher, né? Casar, ter filhos... Mas, antes, vem a formação, o trabalho!
Solteirão: Como assim?!
Florzinha: Fazer faculdade, seguir carreira.
Solteirão: Mas, no meu caso, não precisa não! A oficina já dá o dinheiro suficiente para sustentar mulher e uns cinco filhos... E até a sogra (rsrsr)! Florzinha: Mas não é essa a questão! Hoje, mulher nenhuma quer ser só mãe. Quer ser profissional, estudar, conhecer novidades...
Solteirão: Mas se ela tem tudo em casa para que terá de estudar?
Florzinha: Porque todo mundo precisa trabalhar. Você, eu e todo mundo!
Solteirão: Mulher minha não precisa! Vou dar tudo do bom e do melhor. Se quiser, ela poderá me ajudar na oficina...
Florzinha: Na oficina?
Solteirão: Em serviços de mulher: preencher recibos, arrumar o escritório...
Florzinha: Sei...
Solteirão: Se ela cuidar bem do bonitão aqui e dos nossos filhos, terá tudo na vida!
Florzinha: E se ela quiser estudar?
Solteirão: Ah, essa não é para mim, não!
A última frase dita por aquele cara machista foi o que eu precisava para sair do bate-papo. Ele não queria uma companheira, mas uma empregada. Que tipo de homem, em 2010, ainda pode achar que nascemos para servi-lo? Isso não é amor. Aliás, isso não é relação: é um contrato de trabalho! Embora esteja cansada dessa internet, não vou desanimar. Amanhã, quem sabe acho alguém que encare as mulheres como mulheres? E não como escravas...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário