O marido de Sandra vai jantar na casa da mãe, mas ela prefere ficar com a filha. De repente, um telefonema avisa que seu amor sofreu um grave acidente
Publicado em 11/12/2010
Carminha Nunes
Conteúdo do site VIVA!MAIS
Logo, a viúva se sente envolvida por Luís
Foto: Getty Images
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Eu me senti tonta e comecei a chorar. "Também te amo!", sussurrei, ainda bastante assustada com tudo aquilo. Fiquei esperando que Luís dissesse algo mais, mas ele simplesmente abaixou a cabeça e ficou calado. Tirei minhas mãos das suas e olhei ao redor. Todos me observavam com certo encantamento, impressionados pela mensagem que havia recebido."Posso falar com ele...?", murmurei, tensa por interromper a meditação do médium. Ele levantou os olhos e me encarou. "Desculpe, Sandra, mas ele se foi...", respondeu, tentando me confortar.
Dei um sorriso amarelo e continuei fitando seus olhos. Havia neles uma honestidade muito grande e uma serenidade envolventes. "Ele está bem. O amor que sente por você é incondicional. Guillermo nunca a abandonou e nem a abandonará", disse, apertando minhas mãos. Comecei a chorar. Luís me ofereceu um lenço, que aceitei logo. Levantei-me em direção à porta. Quando saía, o ouvi chamar outra pessoa. No caminho de casa não pensava noutra coisa a não ser na voz de Luís tomada pela de meu marido. "Eu te amo, minha Sandrinha!" A frase ecoava em minha cabeça sem parar. Ao chegar em casa, tirei Iva do berço e a abracei. "Ele nos ama filhinha, ele nos ama!", repeti, apertando meu bem mais precioso.
Minha irmã olhava assustada. Recoloquei o bebê em sua cama e contei o que havia acontecido. Quando deitei minha cabeça no travesseiro, tive uma sensação estranha. Vi Luís à minha frente dizendo aquelas palavras lindas. Ouvi nitidamente sua voz repetir "eu te amo". Era como se eu ainda estivesse naquele lugar tão energizado. Decidi voltar na semana seguinte. Esperei ansiosamente uma data para tentar uma nova comunicação com Guillermo. Era uma terça-feira e o lugar estava mais vazio do que de costume. Desta vez me sentia mais relaxada.
Talvez estivesse me acostumando com a situação. Luís me chamou. Repeti o mesmo ritual da outra vez: levantei-me e segui em sua direção. Seus olhos castanhos acompanharam minha trajetó-ria até ele. Sentei-me à sua frente e ele pegou minhas mãos. O silêncio era sepulcral. Permanecemos de mãos dadas por um tempo, até que ele ergueu sua cabeça, como que recém-saído de um transe: "Hoje eu não consegui contato!", confessou, da maneira mais tranqüila possível.
Um pouco decepcionada, dei um sorriso amarelo, em sinal de agradecimento pela tentativa. Pela primeira vez, ele também sorriu. Naquele momento percebi que estava lidando com um homem diferente. Luís era uma pessoa normal, mas possuía um dom especial: recebia mensagens de pessoas que já se foram. Fui para casa frustrada por não ter conseguido ouvir mais alguma coisa de Guillermo. Ao mesmo tempo, porém, percebia um sentimento absolutamente esquisito, inesperado, dentro de mim.
Tentava decifrá-lo, mas não sabia explicar o que era. "Then you will find me, time after time", cantava Cindy Lauper no CD que havia acabado de colocar para tocar. Fiquei na sala sozinha, relembrando meu amor com Guillermo e todos os momentos felizes de nossa vida. Entretanto, não era seu rosto que vinha à minha memória. Mas o de Luís.
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