O marido de Sandra vai jantar na casa da mãe, mas ela prefere ficar com a filha. De repente, um telefonema avisa que seu amor sofreu um grave acidente
Publicado em 11/12/2010
Carminha Nunes
Conteúdo do site VIVA!MAIS
A viúva se sente culpada por seus sentimentos
Foto: Getty Images
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Minha cabeça estava totalmente confusa quando fui à reunião novamente. A maioria das figuras presentes já me reconhecia. Também, eu estava lá semana sim, semana não. "Mas o que tanto ela espera que o marido diga?", deviam se perguntar, enquanto observavam meu olhar ansioso passar pelo círculo de pessoas. Luís continuava ali. Ora conversando, ora trazendo mensagens e ora não dizendo nada. Muitas saíam desapontadas, mas prometiam voltar na semana seguinte, esperançosas de ouvir algo de algum ente querido.
Quando me aproximei, como de costume, Luís pegou minhas mãos. Então, fechou os olhos e se concentrou. Senti-me nervosa e muito estranha. O calor do toque daquele homem estava me perturbando. "Queria que você se libertasse", murmurou, de repente. Eu olhei fixo em seus olhos. "Seja feliz, minha querida", disse, em seguida, deixando-me ainda mais emocionada.
Guillermo estava falando comigo. Enquanto pronunciava cada palavra, Luís me encarava com seriedade. Mesmo as sim, podia sentir, vez ou outra, uma certa emoção tomar conta dele. Assim que parou de falar, abaixou a cabeça e suspirou. Ao levantá-la, já exibia a expressão de costume. "Ele quer que você seja feliz!", reforçou, confortando-me.
Em vez de levantar e ir embora, continuei sentada, como que hipnotizada, olhando para ele. Luís não se mexeu e também me encarou. Na sala, um silêncio. Todos nos olhavam. Parecia que, de repente, todo o grupo entrara num transe único. "Você quer me dizer algo, Sandra?", perguntou, apertando minhas mãos. "Eu não sei... Talvez, mas não aqui!", falei, reunindo toda a coragem possível.
Ele arqueou as sobrancelhas. "Muito bem. Você pode me ligar no escritório, durante o dia, se quiser", falou num tom baixo, para que apenas eu escutasse. Saí dali confusa. Estava me sentindo atraída pelo homem que recebia as mensagens de meu marido. Eu me sentia atraída por alguém que devia me inspirar apenas respeito. "Meu Deus, o que eu estou fazendo?", perguntava a mim mesma, a caminho de casa.
Brinquei um pouco com Iva e decidi conversar com minha irmã a respeito da situação. Precisava desabafar. Até comecei a falar. Mas desisti. Era complicado demais. Naquela mesma noite sonhei com Guillermo. Ele estava todo sorridente, de branco, sentado conosco à mesa. Enquanto almoçávamos, ele olhava todo orgulhoso para Iva. "Que linda a nossa filha, né?", dizia. Eu apertava suas mãos enquanto ele me olhava. Mas seus olhos, que eram verdes, se tornavam azuis como os de... Luís! De repente, era a sua voz, suas mãos quentes que acariciavam a minhas.
"Gui, me perdoe, me perdoe!", dizia, chorando. Foi assim que despertei naquela madrugada. Gritando a plenos pulmões pedidos de perdão ao meu homem que havia partido. Passaramse dois dias até que eu telefonasse para Luís. Sua secretária me atendeu e logo passou a ligação. Trocamos as saudações cordiais e eu disse a ele que estava me sentindo perturbada. Antes que eu falasse mais alguma coisa, ouvi do outro lado da linha. "Sandra, também tem algo muito estranho acontecendo comigo... E eu confesso que você é a causadora!"
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